Como se tornar um cidadão-fiscal
Nota do editor: esse não é um texto qualquer; é um chamado para ação com passo a passo e tudo, que
pode resultar em boas surpresas, só depende de nosso engajamento.
É muito comum a gente abrir a
boca para reclamar da falta de eficiência e eficácia do
governo na implementação de políticas públicas e programas do orçamento. Todo
mundo sabe reclamar da saúde, dizer que a educação é uma bosta, criticar a
segurança pública e repetir o bordão “o governo rouba”.
Aí eu pergunto:
e o que você tem feito para mudar isso?
Você
responderia:
a) “Ah, eu fico por dentro dos escândalos que acontecem no
meio político!”
b)
“Ah, eu voto consciente!”
c)
“Ah, eu sonego imposto, que é pro governo ter menos dinheiro pra roubar!”
d)
“Ah, eu apoiei o Projeto de Lei da Ficha Limpa!”
e) “Puxa, eu gostaria de fazer algo a mais, mas me sinto de mãos
atadas…”
Se
você respondeu a alternativa (a), bom, mas isso só vai deixá-lo ainda mais
indignado. Lembre-se ainda que a mídia tem interesses próprios e pode ter muita
coisa que você nunca vai ouvir falar. Se respondeu a alternativa (b), parabéns,
apenas se lembre de que 190 milhões de brasileiros podem não ter a mesma
“consciência política”. Se respondeu a alternativa (c), você é um bosta, não é
assim que você vai melhorar o país. Se respondeu a alternativa (d), muito bom,
mas será que essa lei vai resolver os problemas de corrupção do Brasil? Será
que ela vai ser aplicada do
jeito que queremos?
Se você pensou na letra (e), se quer fiscalizar o governo, mas não tem a mínima ideia de como
botar a mão na massa, ótimo! Continue lendo.
O que o
cidadão-fiscal precisa é de ferramentas. Para resolvermos esse problema, tão
indesejavelmente comum, vou apresentar algumas ferramentas que todo cidadão com
acesso à Internet deveria conhecer e dominar.
Ferramenta 1: Siga BrasilFerramenta 2: Portal da Transparência
Ferramenta 3: Transparência Pública
Você sabe o que é direito de petição?
A primeira delas – e a que eu mais gosto – é o Siga Brasil, uma ferramenta de dataware que permite a
qualquer cidadão consultar as bases de dados dos principais sistemas
governamentais, referentes à execução financeira e orçamentária e aos programas
e planos do Governo Federal.
A principal vantagem que vejo nessa plataforma é a
facilidade que temos de montar nossas próprias consultas. Eu fiz um humilde manual para
quem desejar formular consultas nele.
A segunda ferramenta é o Portal
da Transparência, do Governo Federal. Bem funcional e até mais fácil
que o Siga Brasil. Existe um manual de navegação no
próprio Portal.
Os cidadãos
podem obter informações relativas às receitas e despesas públicas, à execução
de convênios (convênio, pra quem não sabe, é uma espécie de “contrato” que os
entes federados celebram junto a outros entes e junto a entidades sem fins
lucrativos para execução de ações governamentais), além de ter acesso ao
registro de servidores federais e de empresas que foram declaradas “inidôneas”
pelo poder público.
Agora
alguns Estados da federação entraram na onda e criaram seus próprios portais da
transparência. Tem até um portal específico para os jogos olímpicos, veja:
Simples: se
você encontrar o selo abaixo, significa que ali tem informações sobre gestão
pública.
Cada site de Ministério da esplanada tem de ter esse link. Ali é possível achar informações
detalhadas sobre licitações, contratos, diárias e passagens relativas ao Órgão.
Existem também opções de buscas avançadas.
Mas o melhor
é o link bem no canto inferior da página que diz:
“Para
obter a íntegra do edital, atas e informações adicionais, preencha o formulário.”
Esse link
nos leva a um formulário eletrônico pelo qual é possível solicitar informações
mais específicas dos processos, tais como editais, planos de trabalho de convênios,
objeto dos contratos e afins.
…
Até aqui já sabemos da existência de três boas ferramentas
para que possamos exercer o chamado controle
social. Por controle social entende-se
a participação da sociedade no acompanhamento e verificação das ações da gestão
pública na execução das políticas públicas, avaliando os objetivos, processos e
resultados.
“Ok, descobri que existem
ferramentas para que eu possa exercer o tal do controle social, mas o que que
eu faço agora?”
Bom, agora é que vem a parte final do negócio. Muita gente
não sabe que existe um tal de Direito de Petição, que serve para que nós,
cidadãos, tenhamos acesso às informações que acharmos necessárias.
Vejamos o
que nos diz o jurista Valcir José Bologniesi:
“Este remédio constitucional, que é
assim considerado, tem assento constitucional no artigo 5º, inciso XXXIV da
Constituição Federal: “são a todos assegurados, independentemente do pagamento
de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou
contra ilegalidades ou abuso de poder; b) a obtenção de certidão em repartição
pública, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse
pessoal.
Este
instituto permite a qualquer pessoa dirigir-se formalmente a qualquer
autoridade do Poder Público, com o intuito de levar-lhe uma
reivindicação, uma informação, queixa ou mesmo uma simples opinião acerca de
algo relevante para o interesse próprio, de um grupo ou de toda a
coletividade.”
Isso significa que todos nós podemos solicitar informações
ao poder público e devemos ser atendidos.
Chegamos,
enfim, a um razoável arcabouço de conhecimentos que necessitamos para exercer
nossa cidadania fiscalizadora. Que tal agora botarmos a mão na massa?
AUTOR DO TEXTO: WAGNER MENKE
Wagner Menke é auditor da Controladoria-Geral da União, mestre em Desenvolvimento e Políticas Públicas e acha que o Brasil pode dar certo (um dia).
Wagner Menke é auditor da Controladoria-Geral da União, mestre em Desenvolvimento e Políticas Públicas e acha que o Brasil pode dar certo (um dia).
Não esqueça que de acessar essas
páginas:
A Câmara de Vereadores de Canoas em sua página tem um link
sobre transparência, acesse.
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